quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Mudar dói, mas faça valer a pena!

Posso usar mil exemplos de como uma mudança pode ser percebida como algo ruim, antes de ser algo bom. O nascer dos dentes na infância, o encaixotar todas as coisas antes de ir para a casa nova, se separar, se depilar, fazer um peeling, encarar uma dieta...

Mudar requer movimento. Movimento demanda esforço. Na maior parte das vezes esse esforço é realmente desagradável, quando não é doloroso.

Sabendo disso, podemos nos preparar para que o período que antecede a mudança seja mais ameno e, talvez, mais contemplativo.

Trate o movimento inicial como algo apartado de você, e o assista como a um filme. Um filme que você já sabe que terá, ao menos na Parte 1, um final feliz.

E a segunda parte?

Ainda será escrita... provavelmente com base no impacto provocado pela Parte1...


Ou seja, faça com que valha a pena!

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A pessoa mudou ou ela não se mostrou verdadeiramente no início?

Recebi o telefonema de um amigo muito querido, que está questionando o futuro de um relacionamento. Namorando há 1 ano e meio, está aflito com o rumo que as coisas estão tomando, principalmente porque sente que a pessoa com quem se relaciona mudou muito.
Não cuida mais de seu corpo, não termina uma especialização que começou, não consegue organizar a vida financeira...

Minha pergunta: a pessoa mudou ou ela não se mostrou verdadeiramente no início?

No início de um relacionamento, todos querem mostrar o melhor de si. Somado a isso, ainda temos que preenchemos com nossas melhores fantasias as lacunas acerca de informações, naturalmente, inacessíveis: não temos acesso porque não convivemos com a pessoa. Assim, no início, tudo é uma grande maravilha. Mais um agravante: uma festa bioquímica nos faz ficar mais eufóricos e com mais desejo sexual. Ou seja, uma combinação de alto risco!
Acontece que é difícil sustentar uma farsa por muito tempo. Além de exigir muita energia para manter a personagem, nossa personalidade e até nosso corpo nos revelam. Tudo em nós quer nos revelar!

Então, depois de uns três meses de relacionamento, as verdades e fragilidades começam a vir à tona. Mas lentamente. Depois de seis meses aproximadamente, é impossível sustentar a invenção. E as decepções e estranhamentos começam a pesar na relação.

Infelizmente, as pessoas já estão envolvidas o suficiente para acreditar que é uma fase, ou que podem mudar o outro. Mas a verdade é que vários sinais são dados, desde o início, sobre quem é o outro.
Cabe a nós observar e avaliar com mais cuidado.
Observar o outro, e até testá-lo em suas verdades, não é uma atitude desconfiada. O que pode ser defeito para um, é virtude para outro. Mas você pode ser capaz de avaliar se a pessoa que está conhecendo tem potencial para ser um relacionamento estável ou não.

Você pode, com tranquilidade, respeito e carinho, perguntar sobre determinado comportamento, sobre planos para o futuro e sobre a personalidade.

Se uma pessoa diz que não quer ou não pode mudar, acredite. Você não é uma entidade milagrosa que vai mudar o outro. Além do que, a mudança é uma jornada individual, de você com você mesmo.

Preste atenção nos sinais...confie na sua desconfiança e na sua intuição e verifique os fatos.

Relacionamentos saudáveis tendem a surgir de bases saudáveis e com pessoas reais. Não com personagens.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Quase tudo em nós tem uma função

Quais as coisas das quais você se orgulha em você?
Quais as coisas das quais você não se orgulha em você?
Por quê?
Você pode se desapegar daquilo que não gosta em você?
Se eu lhe ensinasse como, você faria?
Quase tudo em nós tem uma função. Inclusive aquilo do que não nos orgulhamos. Por isso é difícil mudar. Nossos supostos defeitos possuem algum papel em nossa vida, em nossas relações.
Pense sobre isso.
Em algum encontro futuro pensaremos em como mudar o que se quer mudar, mas não se consegue.

É a funcionalidade do sintoma.

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Quando um só não está interessado

Pessoas começam a se conhecer e expectativas são criadas dos dois lados. Mas, algumas vezes, uma das pessoas não possui expectativa alguma.
É triste, mas pode acontecer.
Se essa pessoa não possuir um tremendo mau caráter, provavelmente, em algum momento, principalmente quando perceber que a outra está interessada, vai expressar sua indisponibilidade para um relacionamento mais sério.
Como?
Quando diz que não está preparada para se relacionar.
Quando diz que está confusa e não sabe bem o que quer no momento.
Quando planeja longas viagens sem incluir a outra pessoa.
Quando não apresenta para familiares ou amigos depois de já se conhecerem há um bom tempo.
Quando diz que se fosse namorar com alguém, seria com aquela pessoa.
Quando diz com todas as letras que não quer um relacionamento sério.
Essas, entre outras falas, muitas vezes são ignoradas pela pessoa que as ouve, numa esperança de que, com o tempo, tudo vá mudar.
A verdade é que dificilmente muda. 
Observe as ações e as palavras do outro como se fossem um sinal de trânsito. Acredite na luz amarela.
Ela pode lhe salvar de um grande acidente emocional.
Parar na luz amarela pode dar a impressão de que se vai perder tempo, de que se vai chegar atrasado na festa ou de que se vai perder algo importante.

Mas, olhando por outra perspectiva, parar pode significar a possibilidade de virar na próxima esquina e recomeçar. Seguir, pode representar um fim mais dramático...

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Recomeçar

Todo o dia é um recomeço. Já se escreveu muito sobre isso. Quando um novo chefe aparece, abre-se um espaço para um recomeço. Quando um amor termina, abre-se uma porta para um recomeço. Também quando um curso termina. E uma caixa de biscoitos. E uma vida.

O que poucos falam é que o recomeço não é uma tela em branco. Não se parte do zero.
É mais como aquela parede que vai sendo pintada, camada por cima de camada, sem nunca ser lixada. É mais como uma pintura feita sobre outra pintura.

Criamos expectativas. De acontecer o melhor. Criamos, também, os medos do pior. E vamos, com essas tintas, iniciando algo sobre a velha tela. Com o tempo, os traços vão se repetindo, os temas, o jeito de segurar os pincéis, de pegar a tinta. A mesma pressão sobre a tela.

Há quase preguiça de se recomeçar, porque quase já se sabe o resultado da empreitada.

Mas, então, um belo dia, sentimos que a tela usada já não nos serve mais. Que os pinceis precisam ser trocados, assim como a palheta – quase o pintor.
Que se deseja uma tela em branco!

Abre-se a porta, sai-se ao sol, entra-se na loja, compra-se um novo mundo.
Esse mundo novo é maravilhoso, mas tem um prazo.
Enquanto não se esgota, divirta-se!

(e não demore demais para trocar a tela da próxima vez)

sábado, 6 de agosto de 2016

Compartir!

A convivência não é fácil. Exige reconhecer e aceitar a diferença. Exige observar para compreender. Pede para ser compreendida também. Demanda compaixão, empatia e generosidade. Compartir, ou compartilhar, exige uma boa dose de amor – daquele amor que mantem nossa espécie seguindo.
Olhar o outro, com seus cheiros, suas manias, suas fragilidades e forças, nos permite sentir a essência do ser humano. O quanto somos, todos nós, frágeis em nossa natureza e em nossa intimidade.
Compartilhar espaços, casas, trabalho, ideias, pede um pouco de coragem também. Para tentar se reconhecer no outro. Para lembrar que todos possuem uma história, a qual nem sempre conhecemos.
Quando aceitamos que o outro possui justificativas para ser o que é, possui uma história que o trouxe até aqui, é um humano, tão forte e tão frágil quanto nós, os espaços vão ficando mais confortáveis e amplos, bons para se compartilhar. Trocar experiências, experimentar rotinas diferentes, ver o mundo com outras lentes: entre tantas outras riquezas, é o que permite o compartir!
Compartilhar não é se fundir. Compartilhar é conviver.

Bora compartir!

(para os amigos generosos de Conil de la Frontera)

sábado, 30 de julho de 2016

Desencontros


Mesa 7
Ela acabou de sair de um relacionamento bom e mediano. Quando eles tomavam alguns drinks, no começo, era bom. Quando passaram a se conhecer melhor, ainda mais quando não havia drink algum, era mediano. Arrastado. Quase metade dele combinava com quase metade dela. Mas, sem dúvida, ele tinha boas qualidades para um namorado.
Mas era suficiente?
Resolveu pedir um tempo ao namorado e foi jantar em um bom restaurante, sozinha, pois assim se concentraria naquele prazer de comer sem censuras e culpas, degustando seu vinho, que não sabia ao certo se amigos entendidos de vinho e afins aprovariam, mas do qual ela gostava. Ela e o prato e o copo.  Entre um gole e outro viu um espécime nas proximidades. Na mesa, sozinho. Ele e o prato e o copo. “Igual a mim!” Check list: aliança: não. Bem vestido: sim. Cabelo com corte: sim. Sapato sujo ou velho: não. “Interessante”, pensou. Ao longo da noite deu algumas olhadas nele, com esperança de que ele correspondesse ou ao menos pedisse o seu telefone, fizesse algum contato. 
Pediu a conta ao final. Nada. "Ou é frouxo ou não gostou de mim."

Mesa 9
Ele acabou de pedir um tempo para a namorada. Apenas 3 meses de relacionamento e já não se sentia tão encantado como antes. Na verdade, a namorada tinha tudo para ser uma companheira para planos futuros, mas ele não sabia identificar ao certo por que já não tinha vontade de sair com ela, de falar com ela... e se sentia mal porque ela sentia sua falta e percebia que ele estava se afastando. “Onde está aquele botão de gostar?’ Ele queria muito gostar dela. Mas parece o tipo de coisa na qual não se manda.
Saiu para conhecer o restaurante do amigo. Ótimo comer e beber sem ter que falar nada. Na mesa próxima, uma mulher muito interessante. Bonita, cabelo bem cuidado, “deve ser bem cheirosa”.  “Sem aliança.... por que está sozinha?” “Será que o meu amigo a conhece?” “Deve estar esperando uma amiga... se saiu sozinha, não deve querer companhia alguma hoje”.
Por alguns momentos, pensou em formas educadas de se aproximar. Mas ficou com receio de ser intrometido. Teve vontade de pedir licença para acompanha-la no vinho. “Mas hoje as mulheres andam tão autossuficientes... vai me dar um belo fora!” "Vai ver hoje ela quer ficar sozinha..."
Ficou olhando eventualmente para ver se ela dava algum sinal de interesse... alguma dica de que ele poderia se aproximar.  Nada. Ela simplesmente comeu, pediu a conta e foi embora sem olhar pra trás. Se ela olhasse, o que ele faria?
Mas que grande desencontro.

Ela está em algum lugar no mundo.... ele também.

domingo, 24 de julho de 2016

Encontros

O outro é a prova viva de nossa existência, além de ser um grande e fidedigno espelho que reflete, sem dó, sem máscaras, com brilho intenso e em cores, nossas virtudes e nossas fraquezas.

Saudações à riqueza que pode emergir dos encontros entre pessoas!

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Deixe que o movimento da vida mude o rumo das coisas

Não raro nos deparamos com aqueles momentos no caminho da vida em relação aos quais não temos certeza. Pensamos por um lado, avaliamos por outro, mas nada parece ser suficiente para apontar o caminho a seguir, a melhor opção ou a decisão a tomar.
Conversamos com amigos, buscamos inspiração até no que é místico, mas não é suficiente para acalmar o espírito, que está agora muito inquieto.
Então o que fazer nestes momentos?
Pode parecer estranho, mas anos de contato com pessoas, com todo o tipo de problema ou de dúvida, me mostraram que os problemas têm vida. Geralmente quem os mantêm vivos são as próprias pessoas.
Excluindo as situações que envolvam risco de morte, todas as outras podem esperar ao menos mais um dia. Todas elas perderiam boa parte da sua dramaticidade se perdessem um pouco de público.
Pare e faça perguntas ao problema: quem se beneficia deste problema? Se o pior acontecer, ele vai acontecer amanhã? Se o pior não acontecer, o que eu farei depois disso?
Não se preocupe com esta parada: ela é ilusória. Enquanto você aparentemente para para conversar com o problema todo o universo está se mexendo. Todas as suas células estão se regenerando, suas veias pulsando. Coisas inimagináveis estão acontecendo no mundo e elas podem, direta ou indiretamente, paulatinamente ou imediatamente, impactar o seu problema e mudar o rumo das coisas.
O importante é que você, após esta ligeira conversa, após esta aparente pausa, mude o foco. Faça qualquer outra coisa para se afastar do problema ou questão que lhe aflige. Preste atenção em outra coisa. Olhe para outro aspecto da vida. Faça coisas diferentes.
Quando você faz isso, dá espaço para que sua intuição volte a funcionar. Dá espaço para que o próprio movimento da vida mude as coisas.
Tire este fardo das costas agora.

As vezes a solução está em deixar que o movimento da vida mude o rumo das coisas.

domingo, 17 de julho de 2016

Todas as pessoas que habitam em uma

As pessoas andam buscando quem são verdadeiramente. Como se o próprio fato de estarem no mundo não fosse suficiente para se reconhecerem.
Não. Você não vai encontrar quem você realmente é.
Não vai reconhecer seu verdadeiro eu.
Você não tem um eu escondido ou profundo que precisa acessar.
Você não tem que se buscar em você mesm@.
O eu por trás dessa lógica não existe por um motivo muito simples e bonito e confuso: você é vários eus.
Você é constituíd@ por vári@s você. Você é impressionantemente contraditóri@.
Você se adapta aos contextos, aos cenários.
Você escolhe seus discursos como escolhe suas roupas para ir a determinado lugar.
Você experimenta sentimentos contraditórios.
Você é reacionário para algumas coisas e revolucionário para outras. Não se envergonhe disso.
Você vive buscando justificativas para essas incoerências.
Aceite que você é muito imaturo para algumas coisas, mas, para outras, experiente e sábio.
Você é criança e adulto. Você ama e sente ódio. Você é bom e é mau.
Pare de brigar com isso. Pare de se culpar pelas suas inconsistências.
Você é humano. É da sua natureza possuir eus em camadas; eus superpostos, eus conversando, eus brigando.
Faça as pazes com você.
Faça as pazes com todas as pessoas que habitam você.

Agora, faça as contas e realize porque é tão difícil compreender o outro...