quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Recomeçar

Todo o dia é um recomeço. Já se escreveu muito sobre isso. Quando um novo chefe aparece, abre-se um espaço para um recomeço. Quando um amor termina, abre-se uma porta para um recomeço. Também quando um curso termina. E uma caixa de biscoitos. E uma vida.

O que poucos falam é que o recomeço não é uma tela em branco. Não se parte do zero.
É mais como aquela parede que vai sendo pintada, camada por cima de camada, sem nunca ser lixada. É mais como uma pintura feita sobre outra pintura.

Criamos expectativas. De acontecer o melhor. Criamos, também, os medos do pior. E vamos, com essas tintas, iniciando algo sobre a velha tela. Com o tempo, os traços vão se repetindo, os temas, o jeito de segurar os pincéis, de pegar a tinta. A mesma pressão sobre a tela.

Há quase preguiça de se recomeçar, porque quase já se sabe o resultado da empreitada.

Mas, então, um belo dia, sentimos que a tela usada já não nos serve mais. Que os pinceis precisam ser trocados, assim como a palheta – quase o pintor.
Que se deseja uma tela em branco!

Abre-se a porta, sai-se ao sol, entra-se na loja, compra-se um novo mundo.
Esse mundo novo é maravilhoso, mas tem um prazo.
Enquanto não se esgota, divirta-se!

(e não demore demais para trocar a tela da próxima vez)

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