Todo o dia é um recomeço. Já se
escreveu muito sobre isso. Quando um novo chefe aparece, abre-se um espaço para
um recomeço. Quando um amor termina, abre-se uma porta para um recomeço. Também
quando um curso termina. E uma caixa de biscoitos. E uma vida.
O que poucos falam é que o
recomeço não é uma tela em branco. Não se parte do zero.
É mais como aquela parede que vai
sendo pintada, camada por cima de camada, sem nunca ser lixada. É mais como uma
pintura feita sobre outra pintura.
Criamos expectativas. De
acontecer o melhor. Criamos, também, os medos do pior. E vamos, com essas tintas,
iniciando algo sobre a velha tela. Com o tempo, os traços vão se
repetindo, os temas, o jeito de segurar os pincéis, de pegar a tinta. A mesma
pressão sobre a tela.
Há quase preguiça de se
recomeçar, porque quase já se sabe o resultado da empreitada.
Mas, então, um belo dia, sentimos
que a tela usada já não nos serve mais. Que os pinceis precisam ser trocados,
assim como a palheta – quase o pintor.
Que se deseja uma tela em branco!
Abre-se a porta, sai-se ao sol,
entra-se na loja, compra-se um novo mundo.
Esse mundo novo é maravilhoso,
mas tem um prazo.
Enquanto não se esgota,
divirta-se!
(e não demore demais para trocar
a tela da próxima vez)
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